terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Gama Borgon

A família Gama Borgon, de todas as demais que haviam transitado por ali, era a mais fundada em princípios rígidos, éticos e pouco receptivo a novas tendências.
          Dos três filhos, dois eram bacharéis em direito pela Universidade de Coimbra, e lecionavam legislação  no Rio de Janeiro com base nos principais critérios de Pádua. No geral era o que as bocas diziam ser o orgulho dos Borgon, ou talvez dos Gama - ambos unidos em um laço forte que havia dobrado certas ilíadas até o topo de uma oligarquia inegável. 
          Ainda que dois deles houvessem requintado certa parte do nome em cujo semblante descansava a ordem de Vila Rica, certa pestana manchara ironicamente a hereditária. A filha entre o primeiro e o último dava-se aos fidalgos; vendia-se em um ato de câmbio e outras reticências de escambo.
         Não havia sequer necessidade para que a rapariga rasgasse de forma promíscua um capítulo da história daquela tirania.

Fernando Freire Fera Ferreira
[Rafael Villas Boas]

2 comentários:

  1. Como eu poderia esperar encontrar um autor tão escondido? Seus textos fazem com que o leitor queira ler sempre mais. Me parecem fazer parte de algo maior, um romance, uma trama...

    Todo o meu doutorado e meu mestrado foram baseados nessa literatura. Genial! Ganhou uma fã!

    Sua particularidade de lidar com os textos beira o imortal literário, aquele escrito pelos que deram o sangue pela literatura. Há denúncia, protesto, certo sentimento ufano, e ainda um quê de dúvidas, o qual deixa a cisma louca na cabeça do leitor quanto aos seus pseudônimos.

    Encantada!

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    1. Mais uma vez não sei o que dizer. E nem poderia, visto que sua experiência com as letras é tamanha! Obrigado!

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