domingo, 16 de junho de 2013

A Morte do Tamalêico

Eu gostava muito de andar pelas estradas daquela província. Mamãe dizia que tudo aquilo é um resquício vivo em que vivera meu bravo avô, Sérgio de Alacamba Albuquerque dos Alqueires Santos. O velho vivera por ali anos incontáveis, veterano das guerrilhas que partilhavam terras e outros capitais.
          As veredas que cortavam de norte a sul o Rio Tamalêico nunca haviam sido rígidas em suas revoltas claras. A morte de meu avô rendera bons protestos (dizem que até um bando nocivo de árvores indulgentes reuniram-se em seu favor).
          Minha mãe era o tipo de pessoa que costumava anotar tudo o que via, visto que cada pedra que ficava pelo chão, às margens do Tamalêico, já me eram muito familiares pelos versos que se encontravam em seu caderno brochura muito velho e amarelo.
          Ainda que cansativo, perambulei por lá mais algumas vezes, curioso e absorto. O que vi foi chocante: haviam cortado todas as árvores de seringueira e de amora. As cabanas de caça já estavam ao vento há muito tempo. Fumaça subia como nunca, e um bando de crioulos e bárbaros dançavam próximos ao leito morto.
          Corri, fugi. Minha mãe nunca poderia saber disso.

R.VillasBoas

Nenhum comentário:

Postar um comentário